domingo, 27 de setembro de 2009

E a demanda social, como fica?



Uma grande discussão toma conta da cidade. De um lado o pensamento da corrente política que hoje governa a cidade, de outro a visão econômica dos empreendedores da construção civil instalada na cidade.

Lagoa Santa é hoje, dentro da Região Metropolitana de Belo Horizonte, uma das cidades de maior fluxo migratório advindo da capital, estabelecendo uma demanda de novas moradias enorme. E é, neste ponto, que o cabo de guerra entre as duas vertentes acima vai se acirrar em pouco tempo.

Enquanto o governo municipal estabelece regras e condutas com a finalidade de coibir e disciplinar a ocupação da cidade, o empreendedor demanda mais espaço e liberdade para investir obtendo um retorno satisfatório.

Porém, essa guerra entre política e mercado tem colocado em segundo plano um ponto crucial: a demanda social. Isto é, enquanto o mercado faz de Lagoa Santa a melhor cidade para se investir, elevando os preços dos imóveis às alturas, e a corrente política governante faz suas leis calcadas no pensamento de uns poucos, com uma visão alegórica de uma sociedade perfeita, onde todos são economicamente iguais, o “povão” vai ficando sem alternativas de moradia.

O pedreiro, ajudante de obra, costureira, empregada doméstica, auxiliar de serviços, funcionários públicos, ou seja, a classe baixa, que tem salários que mal satisfazem às suas necessidade básicas, vai morar onde?

Essa é a reflexão que todos devemos começar a fazer, pois, da forma como tudo vem acontecendo, a única alternativa para este povo é o caminho da favelização, que começa quando um filho, sem ter como adquirir um terreno ou uma casa, com os preços proibitivos que o mercado apresenta, constrói nos fundos da casa dos pais, e, mais adiante, os seus netos fazem um novo “puxadinho”, aumentado pelo seu outro irmão, que sem espaço no terreno, ergue um segundo pavimento, todos sem prestar a mínima atenção aos quesitos de taxas de ocupação, coeficientes de aproveitamento, áreas permeáveis, espécies preserváveis, etc. Concluída uma obra dessas, qual governante tem a coragem de mandar demolir para adequação às leis vigentes? Nenhum, em sã conciência.

Existem várias formas legais de evitar esse problema. Seja através dos representantes eleitos (Prefeitura, Câmara de Vereadores) ou através da sociedade organizada (associações dos engenheiros e arquitetos, moradores dos bairros, empreendedores imobiliarios e de comércio e serviços), todos devemos iniciar uma ampla discussão, deixando de lado conceitos pré-estabelecidos e campos políticos opostos, e, de forma humilde, escutar o maior prejudicado nessa situação: o povo.


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