domingo, 27 de setembro de 2009

NÃO REELEJA NINGUÉM!!!!


Desde que descobri que a política não é feita sobre fundamentos ideológicos e sim sobre estar fora ou dentro do jogo (ser ou não ser o dono do poder), estou cada vez mais propenso a acreditar que qualquer um que se habilite a entrar nesso jogo só o faz pensando em obter alguma vantagem, seja ela financeira ou para imposição de egos.
Este é um pensamento preconceituoso e restrito, mas, veja bem o que o Senado e o Congresso Nacional tem nos dado de argumento ultimamente (ou melhor, desde sempre!).
Veja o que a oposição faz para atrapalhar a vida do governo e veja o que o atual governo, quando era oposição, fazia para atrapalhar a vida de quem estava no poder. Eles simplesmente não pensam, em nenhum momento, no que a sociedade brasileira precisa. Se preciso for, que o povo passe fome para mostrar que o governo que esta no poder faz tudo errado.
Mas, pensando bem, tudo isso tem um único objetivo: Deputados, Senadores e Vereadores querem se reeleger. Desde o primeiro dia de mandato é iniciada a campanha para as próximas eleições. Tudo é feito para captar recursos, fazer caixa para pagar santinhos, vale-gás, cesta básica, vale-cimento, camisetas, bonés, carros de som, transporte de eleitores, ambulâncias, etc, etc, etc...
Vendo por esse lado, uma salvação para moralizar o legislativo e executivo é acabar de vez com a reeleição. Dar chance para novos pensamentos, dar liberdade para quem quiser colocar o seu ideal em público.
Entretanto, como a eles foi dado o poder de legislar, nunca o farão contra sua própria causa.
Afinal, ter poder é bom, dar um carteirada num policial de trânsito insufla o ego. Ser alvo da imprensa, falando mal ou bem, mas desde que falando, é estar acima do resto do mundo. Aparecer na TV, ter foto publicada em jornal e revista, poder indicar fulano ou ciclano para um cargo de confiança, é se tornar um ser elevado, ilumindo, ungido ao altar dos deuses.
Desde quando temos como representantes senhores e senhoras que todo o mundo conhece: Sarney, Collor, Calheiros, Jucá, Lula, FHC, Alvaro Dias, José Serra, e todos os demais senadores, deputados federais e estaduais, governadores, prefeitos, presidentes, vereadores, sindicos de condomínios, presidente de associação de bairro, de ONGs, de time de futebol da terceira divisão? Senão, veja a lista dos vereadores da sua cidade e compare com o que vem acontecendo há anos.
E tudo continua como sempre foi.
Não precisamos acabar de vez com as instituições democráticas estabelecidas para melhorar o país. Para dar um basta, vamos tentar, nem que seja uma única vez, vamos experimentar, ver se resolve alguma coisa: NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES NÃO REELEJA NINGUÉM!!!
NÃO VOTE EM NINGUÉM QUE JA TEVE ALGUM CARGO POLÍTICO, SEJA EM QUAL ESFERA FOR, SEJA ELE QUAL FOR!!!

Projetando para a classe baixa.


O último texto postado colocava em discussão o problema da moradia popular: como o “povão”, dentro de sua realidade financeira, se estabelece em uma cidade que cresce em ritmo alucinado?

Um imóvel em Lagoa Santa, considerado padrão para a classe média, deve contar com três quartos, dois banheiros, cozinha, salas de jantar e estar, garagem para dois carros e uma área de lazer. Para compor o preço de um imóvel nível, devemos contar com um lote bem localizado, que custa, no bairro Lundcea, por exemplo, em torno de R$ 70.000,00. Esta casa, com 120 m2 de área construída, tem um custo, segundo o Sinduscon, de R$ 981,33 por m2 (padrão normal), ou seja, um total de R$ 117.759,60 para se construir conforme as normas vigentes. Soma-se a este preço os tributos municipais, despesas de cartório, comissão do corretor, imposto de renda, e, logicamente, o retorno financeiro do investidor (no mínimo, 35% de lucro). Assim sendo, o preço de venda de uma casa destas não fica por menos de R$ 280.000,00.

Uma casa popular, com área de 60 m2 , custa em torno de R$ 49.000,00 para ficar pronta (segundo CUB do Sinduscon, classe R1-B, R$ 819,78/m2). Agora, colocando-se o preço do lote em um local razoável, mais os encargos e lucros, a venda deve ser feita por, pelo menos, R$ 150.000,00. Tal valor não cabe no orçamento da classe baixa, que poderia financiar seu imóvel através do plano Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, que estabelece o teto máximo de R$ 100.000,00 para quem recebe entre 3 e 6 salários mínimos (quem recebe menos - grande parte da população, esta fora dessa equação).

Para baixar este valor de venda, o empreendedor interessado executa projetos sem o mínimo de conforto (veja uma reportagem interessante na Revista Epoca, Ed. 591, de 14/09/2009 – Famílias Encaixotadas, no link: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI92611-15228,00-FAMILIAS+ENCAIXOTADAS.html) e em locais desprovidos de rede esgoto, asfalto ou calçamento de ruas, transporte público, escola, creche, supermercado, etc, deixando tudo isso a cargo do poder público.

É lógico que todo o mundo quer viver na condição ótima (3 quartos, suíte, garagem, área de lazer, quintal), todo arquiteto e engenheiro quer se envolver nesse tipo de projeto (onde a remuneração é melhor e sua veia artística pode ter asas), todo governante quer administrar (sem ônus de saneamento básico, educação e transporte público), todo corretor quer vender (pois trabalha com comissão) e todo empreendedor quer realizar (o retorno é muito maior). Entretanto, “querer não é poder”, e a demanda pela outra condição é cada vez maior, afinal, a manicure, a cabelereira, o caixa do supermercado, o servente de pedreiro, e tantos outros também querem morar em sua própria casa. Como fazer isso de forma humana e organizada? Eis a questão.


E a demanda social, como fica?



Uma grande discussão toma conta da cidade. De um lado o pensamento da corrente política que hoje governa a cidade, de outro a visão econômica dos empreendedores da construção civil instalada na cidade.

Lagoa Santa é hoje, dentro da Região Metropolitana de Belo Horizonte, uma das cidades de maior fluxo migratório advindo da capital, estabelecendo uma demanda de novas moradias enorme. E é, neste ponto, que o cabo de guerra entre as duas vertentes acima vai se acirrar em pouco tempo.

Enquanto o governo municipal estabelece regras e condutas com a finalidade de coibir e disciplinar a ocupação da cidade, o empreendedor demanda mais espaço e liberdade para investir obtendo um retorno satisfatório.

Porém, essa guerra entre política e mercado tem colocado em segundo plano um ponto crucial: a demanda social. Isto é, enquanto o mercado faz de Lagoa Santa a melhor cidade para se investir, elevando os preços dos imóveis às alturas, e a corrente política governante faz suas leis calcadas no pensamento de uns poucos, com uma visão alegórica de uma sociedade perfeita, onde todos são economicamente iguais, o “povão” vai ficando sem alternativas de moradia.

O pedreiro, ajudante de obra, costureira, empregada doméstica, auxiliar de serviços, funcionários públicos, ou seja, a classe baixa, que tem salários que mal satisfazem às suas necessidade básicas, vai morar onde?

Essa é a reflexão que todos devemos começar a fazer, pois, da forma como tudo vem acontecendo, a única alternativa para este povo é o caminho da favelização, que começa quando um filho, sem ter como adquirir um terreno ou uma casa, com os preços proibitivos que o mercado apresenta, constrói nos fundos da casa dos pais, e, mais adiante, os seus netos fazem um novo “puxadinho”, aumentado pelo seu outro irmão, que sem espaço no terreno, ergue um segundo pavimento, todos sem prestar a mínima atenção aos quesitos de taxas de ocupação, coeficientes de aproveitamento, áreas permeáveis, espécies preserváveis, etc. Concluída uma obra dessas, qual governante tem a coragem de mandar demolir para adequação às leis vigentes? Nenhum, em sã conciência.

Existem várias formas legais de evitar esse problema. Seja através dos representantes eleitos (Prefeitura, Câmara de Vereadores) ou através da sociedade organizada (associações dos engenheiros e arquitetos, moradores dos bairros, empreendedores imobiliarios e de comércio e serviços), todos devemos iniciar uma ampla discussão, deixando de lado conceitos pré-estabelecidos e campos políticos opostos, e, de forma humilde, escutar o maior prejudicado nessa situação: o povo.